Consociação de culturas benéficas
A consociação de culturas benéficas é uma técnica muitas vezes esquecida durante as sementeiras e plantações hortícolas, sobretudo para quem dá os primeiros passos numa horta.
Esta, de extrema utilidade, permite que diferentes plantas cresçam juntas e em simbiose, possibilitando que se entreajudem de forma biológica e natural, simulando o que aconteceria na natureza sem intervenção humana, onde as plantas crescem de forma desordenada e em constante comunicação umas com as outras.
Relembrando Peter Wohlleben, escritor e engenheiro florestal, este conta no seu memorável e marcante livro “A Vida Secreta das Árvores”, que em ambiente natural e sem intervenção do homem, as plantas comunicam entre si, pelas raízes, pelos sons. E através umas das outras, do contacto das suas raízes, funcionam como um organismo vivo que, regra geral, se auxilia e se defende mutuamente.
Claro está, que nem todas as plantas se beneficiam, daí ser necessário haver cuidado na escolha dos seus pares. Por outras palavras a consociação de culturas, é uma técnica que permite que duas (ou mais) plantas se beneficiem por estarem perto uma da outra, ou que pelo menos uma delas saia beneficiada dessa junção, sem que se prejudique a outra.
É de referir que é muito usada em permacultura e traz grandes resultados estando em hortas caseiras, como em culturas maiores.
Princípios básicos
1
Não basta plantar por plantar.
É necessário ter consciência de quais as plantas que são boas conviventes entre si.
2
Não devem ser utilizadas plantas que competem pelos mesmos recursos minerais
(melão x pepino, por exemplo).
3
Devem misturar-se plantas com raízes profundas em consociação com plantas de raízes mais superficiais. Evitar plantas com raízes que se alastram em área é também um ponto a ter em atenção ( alho-francês x alface, por exemplo).
4
Aconselha-se priorizar plantas com iguais (ou muito semelhantes) necessidades de exposição solar e rega (alecrim, salvia e tomilho, por exemplo).
5
Alguns tipos de flores não devem de ser esquecidas ao projetar o consócio, pois para além de comestíveis e atraírem insetos benéficos, afastam ainda animais considerados pragas.
A nossa experiência:
Couve & Alho
Já experimentámos diversas combinações de cultura na nossa horta. Algo que fazemos sempre e que ajuda bastante, é colocar rodeado das couves, brócolos e couve-flor, os alhos-franceses, cebolas e alhos. Esta prática irá afastar lesmas e caracóis, e funcionará como uma consociação de barreira.
Couve & Tomilho
Temos também sempre tomilho perto das couves, este para além de ajudar, também, a repelir os caracóis e as lesmas, afasta a mosca da couve.
Rosas & Alho
Plantar alhos perto de rosas ajuda a evitar o aparecimento de pulgões e do fungo da mancha preta nas mesmas.
Capuchinhas & Couve
Capuchinhas são plantas que para além de comestíveis, são bastante úteis na horta. Estas atraem para si a borboleta da lagarta da couve. Permitindo assim que as lagartas se concentrem nelas e deixem as folhas da couve de parte.
Tomateiro & Cravos Túnicos (Tagetes)
Estes lindos cravos (que são comestíveis) plantados junto dos tomateiros ajudam a afastar a mosca branca.
Alface & Cebola
Uma consociação bastante comum e favorável é a plantação conjunta de cebolas e alfaces. As primeiras ajudam a afastar o pulgão.
Os exemplos e combinações são múltiplos e variam conforme o objetivo pretendido. Aconselhamos uma prática hortícola baseada na consociação. Esta permite não só uma melhor produção, biodiversidade animal, o afastamento de pragas, bem como uma melhor conservação do solo.
Bruga x José Rolão, Abelha7Trevos
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